Aprendendo de forma divertida
mil e uma noites
O mundo árabe e “As Mil e Uma Noites”
Por Vera Lúcia Guedes Rodriguez Barbosa
O livro das Mil e Uma Noites é um composto por um conjunto de contos e histórias do povo árabe. Sobre sua origem pouco se sabe, no entanto ela é motivo de uma série de discussões entre pesquisadores. O livro é composto por uma série de contos, e por este motivo alguns pesquisadores consideram que ele não tenha uma autoria fixa, mas que é resultado de tradições orais de diversos povos orientais. Os primeiros indícios de sua existência com o título de As Mil e Uma Noites foi localizados por volta do século XIII.
No Ocidente as histórias narradas por Sahrazad todas as noites ao sultão Sahriyar irão inspirar e influenciar a produção de diversos artistas e escritores. Artistas como Henri Matisse e Jean Delacroix irão produzir uma série de pinturas intitulada As Odaliscas, estas pinturas vão partir dos contos de as Mil e Uma Noites e expressarão uma visão muito particular do mundo oriental. A mulher, por exemplo, será representada como símbolo de exotismo e misticismo.
O conto trará ainda uma série de outras representações a respeito do mundo árabe, figuras como a do gênio e xeiques surgirão a partir destas histórias. Outras histórias que você certamente conhece, como a do Aladin e os quarenta ladrões, não fazem parte da versão original do conto, mas conforme a obra foi sendo traduzida elas serão aos poucos incorporada. O processo de tradução dos contos começará a partir de um período histórico conhecido como Iluminismo, os contos que eram originários da língua árabe serão traduzidas para diversas línguas, a primeira delas o francês, cujo primeiro tradutor será Antonie Galland. Neste processo de traduções, alguns novos contos serão incorporados, e algumas histórias ganharão um sentido bem diferente do que têm para os povos árabes.
As imagens acima, por exemplo, foram pintadas pelo francês Henri Matisse. Nestas imagens ele retrata as principais sensações que teve com a leitura de as Mil e Uma Noites. Como você pode observar as mulheres representadas são árabes, isso pode ser percebido pelos seus trajes e por outros elementos que compõem o quadro, como os arabescos e tapetes. Há ainda nos quadros uma outra característica bastante interessante, note a posição das mulheres, todas estão inclinadas. O pintor retratou estas mulheres nesta posição para criar uma idéia de erotismo, para dizer que as mulheres na Arábia eram exóticas, mas com isso deixou de lado o profundo rigor moral das vestimentas que é típico deste povo. As pinturas de Henri Matisse, assim como o trabalho de outros pintores, irão construir uma imagem de mulher árabe, não são retratos fiéis delas, mas sim uma leitura.
Veja aqui a adaptação de uma das narrativas chamada O MERCADOR E O GÊNIO
Um rico mercador estava indo para Arábia, quando no deserto ele encontrou um vaso revestido de ouro com um belo selo brilhante. Movido pela cobiça ele desenterrou o vaso e rompeu o selo. Quando o selo foi rompido um gigantesco gênio Ifrit saiu de dentro do vaso, cheio de ira e desejoso de se vingar da humanidade, que o havia prendido lá antigamente. O mercador desesperado ainda tentou negociar com o gênio, entretanto este só tinha desejo de ser adorado pelos humanos e fazê-los rejeitar a Deus.
O mercador, que já havia ouvido falar da vaidade dos gênios antes, decidiu desafiar o gênio.
- Você não é nem tão poderoso assim, me prove que você realmente é um gênio poderoso
- Claro, eu posso fazer o que quiser – e o gênio estalou os dedos e todos os camelos do mercador caíram mortos
- Matar camelos é fácil, a própria aridez do deserto faz isso todos os dias
- Eu sou mais poderoso, e o gênio estalou os dedos e criou uma terrível tempestade de areia que destruiu a vila mais próxima
- Tempestades de areia destroem vilas todos os dias, isso não demonstra poder algum
O gênio então estalou os dedos e fez surgir pedras preciosas da palma de sua mão
- Isso não significa nada, a terra que somente dorme produz pedras preciosas em seu interior, você é um gênio fracote.
O gênio então se irritou, e quanto mais se irritava mais gigantesco e monstruoso ia ficando.
- Me diga seu gênio fracote, por onde você andava até agora que não sabia da sua fraqueza?
O gênio então se irritou ainda mais – você não percebeu que acabou de me libertar de dentro daquele minúsculo vaso?
- Impossível, você é tão gigantesco que nunca caberia lá dentro,
- Gênios podem tomar qualquer formato, posso ser maiores que uma montanha
- Isso não quer dizer nada, poderoso mesmo você seria se conseguisse tão gigantesco caber naquele vaso tão pequeno
Então, o gênio cheio de ira encolheu-se entrou dentro do vaso novamente gritando – veja, como é grande o meu poder – e na mesma hora o mercador colocou o selo sobre o vaso de novo escrevendo o nome sagrado de Alá sobre ele, então o gênio ficou preso e jamais conseguiria se libertar novamente